A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) emitiu uma declaração contundente nesta sexta-feira (19) em resposta ao pedido feito pela NCBA (Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina), uma das principais organizações de produtores de carne bovina dos Estados Unidos, para interromper a aquisição de proteína animal proveniente do Brasil.

Através de um comunicado oficial, a entidade brasileira questionou se a associação americana está mal informada ou adotando uma abordagem protecionista sem justificativa sanitária. Na semana anterior, a organização americana solicitou ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos que suspendesse as importações, alegando a necessidade de revisar os procedimentos sanitários do governo brasileiro devido a dois casos isolados de encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca).

“Diante dessa situação, chegamos à conclusão de que a NCBA está ou mal informada ou adotando uma atitude protecionista com motivações econômicas e sem fundamento sanitário. A CNA condena vigorosamente qualquer medida arbitrária que vá de encontro aos princípios do comércio internacional. Portanto, repudiamos a postura adotada pela associação americana”, declarou a confederação brasileira.

No comunicado, a CNA também enfatizou que o Brasil não possui registros de casos típicos de encefalopatia espongiforme bovina e destacou que, ao contrário do Brasil, os Estados Unidos tiveram três casos típicos da doença em 2003, 2005 e 2012.

“No que se refere aos casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina, o Brasil seguiu todos os procedimentos exigidos pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), que não emitiu qualquer notificação de irregularidade por parte das autoridades sanitárias brasileiras”, afirmou.

Apesar da pressão dos produtores americanos, o governo brasileiro considera improvável que os Estados Unidos suspendam as importações de carne bovina in natura do Brasil. Essa avaliação é compartilhada por fontes próximas ao governo americano que foram consultadas pela CNN Brasil, as quais acreditam que se trata de uma questão interna com poucas chances de sucesso neste momento.

O aumento das importações de carne de outros países está incomodando os produtores locais nos Estados Unidos. De acordo com dados da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), até setembro deste ano, os Estados Unidos foram o segundo maior importador da carne bovina brasileira, ficando atrás apenas da China, que é o maior comprador global.

No Ministério da Agricultura, a avaliação é de que uma suspensão das importações de carne brasileira neste momento é improvável, considerando o aumento das compras do produto pelo governo americano. A pasta afirma estar cumprindo todas as medidas e protocolos sanitários necessários para a importação de carne.

By Wesley